... "And now for something completely different" Monty Python

Friday, September 11, 2015

Do the Evolution


Perdoem-me, desde já, os puristas da língua por eu ter usado um título em inglês, mas os mais atentos facilmente se deram conta que estou a plagiar o título de uma música dos Pearl Jam. Que o mundo está em mudança, não há dúvida: para tal basta que o tempo passe. Que toda a mudança signifique evolução isso já é discutível.

A Washington State University proibiu esta semana o uso de determinados termos na sua cadeira de “Women and Popular Culture”. Entre estes encontram-se “male, female, illegal alien” (macho, fêmea/masculino, feminino e imigrante ilegal). O aluno que usar tais termos “discriminatórios e opressivos” poderá mesmo “chumbar”.

Estas preocupações ficam bem num mundo desejoso de inclusão. No entanto, como mulher e professora universitária, ocorre-me que o nome da cadeira não está lá muito de acordo. “Women and Popular Culture”? Deixamos os homens de fora da cultura popular? Ou será que as mulheres só servem para a cultura popular? Espero que a ninguém tenha ocorrido uma possível falta de erudição das damas ao fazer este “syllabus”! Não sei, isto causou-me comichão numa disciplina que acha que os termos masculino e feminino são ofensivos. Ofendamo-nos já pela substância: mudemos o nome da cadeira de imediato!

E como lidará a disciplina com o óbvio aspeto biológico dos termos macho e fêmea? São uma espécie de fatalidade (XY, XX) à qual não foge ninguém, nem mesmo os que recusam a identificação cultural de género. Já os termos masculino e feminino aparecem em todas as fichas que temos de preencher na indicação relativa ao nosso sexo. Ultimamente há umas fichas que já incluem – por óbvia pressão social – um quadrado extra para os indefinidos culturais, mas mesmo esses terão de convir que a sua fisiologia, “opressiva” ou não, existe.

O Homem pertence ao Reino Animal. Gosta de pensar que está acima dessa classificação mas a verdade é que não. Contra isso, não há filosofias nem dói-dói. Se a Universidade disser que estes termos estão a ser usados pejorativamente em contextos negativos, isso já é outra conversa… Mas proibi-los de todo em todo é desconhecer a essência das palavras.

Relativamente a “ilegal alien” (“imigrante ilegal”) achou por bem esta cadeira explicar que o termo tem de ser substituído por “undocumented immigrant” (“imigrante sem documentos”). É um preciosismo porque vai dar ao mesmo; não passa de um mero jogo de palavras. Se a ideia é demonstrar que ninguém pode ser ilegal por ser estrangeiro, aleluia, aleluia, meus irmãos, viram a luz - mas não muito, experimentem passar a fronteira dos E.U.A. Para além disso, deixa de se usar o sempre incomodativo “alien” que tanto serve para “estrangeiro” como para “extraterrestre”, o que acaba por ser – convenhamos – a mesma coisa: tudo gente que fala inglês com sotaque e que come coisas que não lembram a ninguém.

A única consequência prática que vejo nesta medida é a música do Sting vir a ser proibida nas premissas universitárias, a não ser que ele mude a letra para “I’m an immigrant, I’m a legal immigrant, I’m an Englishman in New York”… Em resumo, e como já cantavam os Pearl Jam (agora traduzo): o Homem vai à frente, está mais avançado, é o primeiro mamífero a usar calças!… Mas acrescento: olhem que também é o primeiro a borrá-las…