... "And now for something completely different" Monty Python

Monday, November 16, 2009

O Caso da Mini-Saia Rosa-Choque

São Paulo, uma das cidades mais povoadas do mundo, deu ao Brasil um dos seus últimos escândalos. Parece coisa fingida para aparecer num reality show, se não tivéssemos mesmo visto as inacreditáveis imagens em telejornais (no you tube para os bichos raros que, como eu, não possuem televisão). Facto: uma rapariga de 20 anos, estudante de Turismo na Uniban, teve de sair, certa manhã, da sua Universidade escoltada pela Polícia. Porquê? Facto: uma universidade em peso (e não era pouca gente, vide primeira linha), colegas, professores e staff auxiliar insultava a rapariga com os mais fortes insultos que uma mulher pode ouvir, ameaçava-a de violação, e bloqueava a saída de modo que ela não ia a lado nenhum. E porquê? Facto: a rapariga estava a usar um minúsculo vestido rosa-choque.


Após o choque inicial (o meu, não o da rapariga…), dei comigo a pensar que poderia haver aqui diferenças culturais que estariam para lá de um primeiro olhar e com diferenças culturais não se goza; tenta-se entender. Mas depois… qual quê?! Então isto não é o mesmo país que gosta de dançar o Carnaval na rua semi-nu?


Poderão dizer-me “mas isso é o Carnaval, não é a vida de todos os dias”. Concordo. Há um tempo e um lugar adequados para tudo. Mas garanto também que a rapariga, neste momento tão tristemente endeusada pelos defensores da liberdade como apunhalada pelos moralistas de sacristia, não estava diferentemente vestida de muitas funcionárias públicas portuguesas, neo-burguesinhas, guiando carros flashy (dos maridos) e piscando o olho muito pintado (aos patrões). Esta Geisy de seu nome, falsa loura, sapato alto, unha longa vermelha e vestido “olhem-para-mim” cuja cor não condizia com o tom da unha, falando com aquele tom arrastado de quem já perdeu a ingenuidade mas quer parecer que não, que nos aparece nas câmaras puxando lágrimas, é um produto de fábrica.


A pergunta não é se a menina tem falta de elegância, de bom gosto e de bom senso. Claro que tem. A pergunta é que tipo de Academia (latu sensu) se preocupa mais com as Geisys e seus uniformes do que com as questões que verdadeiramente a deviam interessar enquanto Templo do Saber e Lugar de Formação. Para quem disser que “formar” a Geisy começa na sua aparência, eu diria que, muito mais grave do que o modo como a Geisy se veste, é saber porque raio todos estes professores, académicos, futuros advogados, futuros médicos, futuros jornalistas, etc,  assumem comportamentos tribais e agem como uma multidão ávida de sangue ao ver alguém que não se comporta como “um dos do grupo” de tal modo que a Polícia tem de a retirar de lá. E muito mais grave ainda é verificar como uma simples mini-saia pôs uma Universidade (cabeças pensantes, julgava eu…) a gritar graves acusações de prostituição e extraordinárias ameaças de violação. E, em última análise, uma mini-saia levou à expulsão de uma rapariga da escola no século XXI… Mary Quant, se tu soubesses!