A Casa Fechada é o único livro de novelas de Nemésio, obra que apresenta a sensualidade como pulsão instintiva, o destino como força inescapável, a viagem (sonhada ou real) como elemento central, o abraço entre a vida e a morte. A sua ousadia, de fino instinto psicológico, foi muito mal recebida pela crítica aquando da sua publicação, sendo, ainda hoje, um dos livros menos analisados e conhecidos do autor, o que contribui para um enigma desde já condensado no título.
O Tubarão descreve a hesitante iniciação erótica de uma rapariga na praia, a mesma praia que serve de cenário para a morte do bicho predador “de cheiro acre, que nada tem de perfumado, mas que se lhe afigura convidativo.”
Negócio de Pomba fala-nos de um retornado do Brasil, desenquadrado e atormentado pelo estático sedentarismo da sua ilha e por uma sexualidade amordaçada em medos antigos.
A Casa Fechada conta-nos a passagem do segundo para o terceiro casamento de Luís, pai de duas crianças, filhos da primeira união. “Nesta casa, os mortos mandam mais que nós” diz a segunda mulher, cuja relação com os meninos é agreste. E também ela mandará, em breve… Um conto profundamente conhecedor dos desejos da mente humana, no que ela tem de mais negro.
Um dos livros mais transgressores de Nemésio, A Casa Fechada foi editado em 1937, ainda antes da consagração com Mau Tempo no Canal.