Depois de uma temporada a coordenar esta página e a fazer essa rubrica de nome duvidoso, resolvi que era mesmo melhor responder a esta pergunta que, a princípio, foi sussurrada e depois chegou-me por todos os lados (norte, sul, este, oeste, esquerda, direita e, naturalmente, centro que é quem manda e - como é do conhecimento geral - quem manda quer saber).
Em Setembro de 2010, estávamos a pensar que rubrica nova se havia de introduzir na página de Literatura… Porque é que não ficou tudo como estava? Bem, isso é a pergunta que se faz acerca de quase tudo, porque, como já dizia Mignon McLaughlin no Neurotic’s Notebook, toda a sociedade honra sempre os seus conformistas vivos e os seus não-conformistas mortos. Portanto, arriscando essa imensa glória que é ser conhecido numa cidade com 9.000 habitantes – digamos que é menos de metade do que o número de alunos da Universidade de Coimbra, mas isso não interessa nada… - , decidimos mudar as coisas. Só um bocadinho, claro está, não fossemos ficar honrados (isto é, mortos) muito rapidamente.
Disseram-me, então, que o Fazendo tinha inicialmente sido pensado para dar destaque às coisas desta terra. Que rubrica literária melhor eu podia arranjar para dar destaque às coisas da terra do que uma rubrica onde se destacassem autores açorianos? Pareceu-me ideal (não muito genial, porque era realmente óbvio, mas ideal na mesma… Mais ou menos como o ovo de Colombo). Mas se optasse por apenas destacar autores, a coisa ficava tipo Enciclopédia Bibliográfica, o que, convenhamos, era um bocado limitativo. Então, se calhar, o melhor mesmo era destacar um livro de um autor açoriano. No entanto, se me ficasse só por aí, corria o sério risco de poucos saberem de que escritor se tratava. Sim, porque não é linear que os habitantes dos Açores conheçam assim tão bem os autores açorianos (já por esta altura os queridos leitores me atiraram a sétima pedra, estando eu, portanto, na mesma situação que as mulheres do Médio Oriente apedrejadas pelos seus pecados…)
Assim nasceu o Açoriando. O nome foi um gerúndio inventado para combinar com Fazendo. Convido todos os puristas da língua a escreverem e-mails sentidos sobre esta questão fulcral: não devia ser “Açoreando”? Teriam os senhores muita razão, caso houvesse um verbo “Açorear”, devia sim senhor. Condicionalmente falando, claro, pois creio que a única coisa que existe de parecido é “assorear” que é, como sabemos, - agora que somos todos, mas mesmo todos nestas nossas ilhas, especialistas do domínio marítimo – outra coisa completamente diferente (oitava pedra).
O Açoriando falou de livros de autores açorianos e desses mesmos autores. Não muito para não irritar, claro. Ainda nos acusavam de estarmos a dar ideias ou, infinitamente pior, de sabermos alguma coisa sobre o que andámos a dizer.
PS: Para ser autor açoriano, um livro de poemas com duas linhas cada um, edição de autor, não nos chegava… às vezes, somos assim antiquados. Gostamos de ler coisas que tenham o mínimo de “suminho” (nona pedra e cai).