... "And now for something completely different" Monty Python

Friday, July 17, 2015

Anda comigo ver os aviões


Recentemente, fui aos Açores (“agora, é tão baratinho, não é?”) e constatei que, apesar de viajar com a mesma companhia na ida e na volta, qualquer semelhança no handling era pura coincidência. No aeroporto de Lisboa, siga para o destino. Açores, Irlanda ou Paris, já se está mais do que treinado nisto do low cost, vai, fura e remata, é tudo a mesma intenção, o mesmo expediente, a mesma celeridade, sem problemáticas. No aeroporto de Ponta Delgada, ou seja à vinda, subitamente encontrei-me em Tel Aviv, confusão, problemas, e uma falta de profissionalismo atroz. Só mais tarde – e pelas piores razões – vim a descobrir que, de facto, não é a mesma companhia que trata das operações terrestres do low cost nestes dois aeroportos, se bem que não acredito que seja esta a verdadeira explicação.

Fiz check in online, como é habitual a quem só leva a mala de cabine. Mesmo assim, quando cheguei, e porque já conheço “Tel Aviv” de outros Carnavais, fui até ao balcão e perguntei à sra se me podia dirigir à sala de embarque. Ela disse que sim, mas que tinham muitos passageiros no voo e que eu podia “se desejasse” mandar a minha mala de cabine para o porão sem custos adicionais, como é de uso nessas circunstâncias. “Mas tenho de fazer isso ou não?” Ela olha para a minha malinha e diz que não, só se eu quiser. Curiosamente, o amigo que me foi levar ao aeroporto riu-se e comentou que a sra fardada não tinha dito coisa nenhuma com a sua conversa, ou seja, “faça… mas olhe, faça só se quiser… pode ir”. Mal sabia ele.

Lá fui para o embarque. “Senhores passageiros, vamos dar início…” e eis quando a mesma senhora sai do boarding gate, vem até mim e diz que afinal a mala estava muito gorda e que eu tinha de pagar 50 euros e mandá-la para o porão. “Desculpe, importa-se de repetir?”

Bem, a mala não tinha de ser mais pequena – tinha as dimensões de mala de cabine e, aliás, era a mala com que eu tinha viajado na mesma companhia de Lisboa para Ponta Delgada. Quando fiz notar isto à sra, ela disse-me muito espontaneamente que “as pessoas em Lisboa não trabalhavam bem!”, afirmação que dava uma crónica por si só. Mas a mala podia ficar mais vazia… Podia, mas eu só tinha comigo uma mochila de criança que o meu filho carregava, razão pela qual eu não tinha outra hipótese.

Neste momento, recordei à sra que ainda há duas horas atrás ela me tinha dito para entrar com esta mala para a sala de embarque ou, em alternativa e porque tinham mais passageiros do que esperavam, fazer check in da mala “sem custos” dada as dimensões da mesma. A sra confirmou mas revelou que, entretanto, “as coisas tinham mudado.” Sem comentário.

Pedi para falar com a supervisora. Aqui, tenho de pôr em dúvida se a sra a chamou ou se a supervisora não se dignou aparecer porque o facto é que nunca a vi. Pedi o livro de reclamações. Esta é a parte mais interessante: foi-me negado. Vou pôr toda a minha boa fé aqui e acreditar que a funcionária era tão inexperiente que não faz ideia que negar um livro de reclamações constitui um acto gravíssimo que pode ser mais complicado para uma empresa do que, efetivamente, ter lá uma reclamação escrita. “Reclame em Lisboa, se quiser” disse-me ela, sabendo perfeitamente que reclamar em Lisboa não seria o mesmo já que a empresa de handling não é a mesma. Eu agora sei porque fui reclamar em Lisboa.

Entretanto, no boarding gate paguei os 50 euros. Ainda ficaram irritados comigo porque eu não tinha multibanco, dei-lhes 3 notas de 20 e fiquei a saber que não são obrigados a ter troco.

Gostei de saber que os Açores abriram o espaço aéreo. Fiquei desiludida com a falta de profissionalismo, de respeito e de coerência. É que é bastante fácil perder clientes. Os turistas são apenas isso: clientes. Já a mim, como “emigrante”, o que me custa é que, com coisas destas, possam pensar que nos Açores “as pessoas não trabalham bem!”