Conhecem esta expressão? É a nova
moda para anunciar uma gravidez. Já não é só a mulher que engravida – o seu
parceiro também. Aqui há uns anos, esta ideia era moda nas Américas e deixou de
ser quando algumas figuras expressaram publicamente o quão ridícula ela é.
Agora, em decadência, Portugal importou a moda. É que viajar para Portugal não
é só uma mudança de espaço; é também uma pequena cápsula do tempo – mas deixemos
isso.
Dizem os defensores que a frase
surge porque os homens, coitados, sentiam-se muito excluídos da gravidez e,
coitados outra vez, ressentiam-se disso. Convido todos os homens desejosos de
experimentar no corpo uma gravidez e um parto a manifestarem-se. É que eu não
conheço nenhum. Esta é a minha primeira objeção a uma “gravidez do casal”. Mas
outras subsistem.
Podia até argumentar que isto é,
claramente, uma tentativa de retirar às mulheres o único privilégio (embora
seja discutível classificar a gravidez como tal) que, até agora, lhes era
social e culturalmente intrínseco. Entra um bocado naquela onda moderna que diz
que os homens são tão ou mais devotados aos filhos do que as mulheres. Se há
homens assim? Claro que há como também há mulheres cujo instinto maternal é
nulo apesar de serem mães. Mas estes dois espécimes são exceções à regra. Além
disso, uma coisa é ser bom pai; outra é ter estado grávido. É tão impossível
como as dores menstruais masculinas (sim, também já ouvi esta…)
O Homem segue as regras
biológicas de toda a Natureza relativamente às suas “crias”, nomeadamente as da
classe mamíferos. Logo, não estou propriamente a emitir uma opinião; constato
um facto. Porém, em defesa da gravidez do casal, até já houve quem me dissesse
que “o Homem não é um animal”. Bem, um mineral ou um vegetal é que não é… Elucidem-me
sobre esta nova classificação das ciências da vida que tirou a espécie humana
do reino animal. É que, a confirmar-se, muitos instintos prementes justificados
pela biologia – fome, sede, sono, sexo – também deixam de fazer sentido, sei
lá.
Há também estudos fantásticos
sobre a gravidez do casal. Parêntesis para dizer que desde que li um estudo da
Universidade de Chicago que diz que as mulheres com mamas grandes são 10% mais
inteligentes do que as outras desconfio muito da seriedade de alguns trabalhos
académicos. Estes estudos da gravidez do casal afirmam que, durante a gravidez
da sua companheira, o homem sofre um decréscimo de testosterona até ela chegar
a níveis meramente residuais e, paralelamente, tem um aumento de progesterona
equivalente ao de uma mulher (grávida, ainda por cima). Alguns afirmam também
um aumento da prolactina! Dito isto, pouco falta para pôr um tipo a amamentar. Claro
que com a ideia de que as hormonas são iguais nos homens e nas mulheres, cai
aquela teoria de que as mulheres são umas histéricas – não diziam que era
devido às hormonas femininas?
Convido por isso todos esses
homens que dizem experimentar gravidez na mesma proporção que a mulher a
falarem-me do aumento da sua barriga (mesmo sem nenhum ser lá dentro), da compressão
dos órgãos digestivos, dos enjoos sem causa, dos vómitos em público, da
sensação de ter pernas pesadas de elefante, das estrias e varizes a rebentarem
por todo o lado, da acne que dá a impressão de estarmos a ter uma segunda
adolescência, das manchas castanhas na cara, da impossibilidade de dormir por
falta de posição, da obstipação constante, da sensação de alguém lhes estar a
pontapear as costelas (literalmente), dos mamilos gretados e a sangrar, da fome
absurda. Já para não falar das dores de parto porque uma melancia atravessou um
orifício do tamanho de um limão e dos pontos em tudo o que se rasgou ou, em
alternativa, o corte de para aí uns cinco tecidos abdominais que se pratica na
cesariana, a incisão no útero (espera… esta é capaz de ser difícil num homem),
a recuperação da cesariana com umas dores monumentais, a expulsão de “restos”.
E, claro, o ter de tratar do bebé enquanto isto acontece.
Já me esquecia do pormenor
importante que é o considerável aumento das mamas na gravidez. Suponho que, por
si só e a confirmar-se a atual “ciência”, isto há de aumentar a inteligência
masculina aí nuns 20%.