... "And now for something completely different" Monty Python

Friday, July 3, 2015

Estamos grávidos!


Conhecem esta expressão? É a nova moda para anunciar uma gravidez. Já não é só a mulher que engravida – o seu parceiro também. Aqui há uns anos, esta ideia era moda nas Américas e deixou de ser quando algumas figuras expressaram publicamente o quão ridícula ela é. Agora, em decadência, Portugal importou a moda. É que viajar para Portugal não é só uma mudança de espaço; é também uma pequena cápsula do tempo – mas deixemos isso.

Dizem os defensores que a frase surge porque os homens, coitados, sentiam-se muito excluídos da gravidez e, coitados outra vez, ressentiam-se disso. Convido todos os homens desejosos de experimentar no corpo uma gravidez e um parto a manifestarem-se. É que eu não conheço nenhum. Esta é a minha primeira objeção a uma “gravidez do casal”. Mas outras subsistem.

Podia até argumentar que isto é, claramente, uma tentativa de retirar às mulheres o único privilégio (embora seja discutível classificar a gravidez como tal) que, até agora, lhes era social e culturalmente intrínseco. Entra um bocado naquela onda moderna que diz que os homens são tão ou mais devotados aos filhos do que as mulheres. Se há homens assim? Claro que há como também há mulheres cujo instinto maternal é nulo apesar de serem mães. Mas estes dois espécimes são exceções à regra. Além disso, uma coisa é ser bom pai; outra é ter estado grávido. É tão impossível como as dores menstruais masculinas (sim, também já ouvi esta…)

O Homem segue as regras biológicas de toda a Natureza relativamente às suas “crias”, nomeadamente as da classe mamíferos. Logo, não estou propriamente a emitir uma opinião; constato um facto. Porém, em defesa da gravidez do casal, até já houve quem me dissesse que “o Homem não é um animal”. Bem, um mineral ou um vegetal é que não é… Elucidem-me sobre esta nova classificação das ciências da vida que tirou a espécie humana do reino animal. É que, a confirmar-se, muitos instintos prementes justificados pela biologia – fome, sede, sono, sexo – também deixam de fazer sentido, sei lá.

Há também estudos fantásticos sobre a gravidez do casal. Parêntesis para dizer que desde que li um estudo da Universidade de Chicago que diz que as mulheres com mamas grandes são 10% mais inteligentes do que as outras desconfio muito da seriedade de alguns trabalhos académicos. Estes estudos da gravidez do casal afirmam que, durante a gravidez da sua companheira, o homem sofre um decréscimo de testosterona até ela chegar a níveis meramente residuais e, paralelamente, tem um aumento de progesterona equivalente ao de uma mulher (grávida, ainda por cima). Alguns afirmam também um aumento da prolactina! Dito isto, pouco falta para pôr um tipo a amamentar. Claro que com a ideia de que as hormonas são iguais nos homens e nas mulheres, cai aquela teoria de que as mulheres são umas histéricas – não diziam que era devido às hormonas femininas?

Convido por isso todos esses homens que dizem experimentar gravidez na mesma proporção que a mulher a falarem-me do aumento da sua barriga (mesmo sem nenhum ser lá dentro), da compressão dos órgãos digestivos, dos enjoos sem causa, dos vómitos em público, da sensação de ter pernas pesadas de elefante, das estrias e varizes a rebentarem por todo o lado, da acne que dá a impressão de estarmos a ter uma segunda adolescência, das manchas castanhas na cara, da impossibilidade de dormir por falta de posição, da obstipação constante, da sensação de alguém lhes estar a pontapear as costelas (literalmente), dos mamilos gretados e a sangrar, da fome absurda. Já para não falar das dores de parto porque uma melancia atravessou um orifício do tamanho de um limão e dos pontos em tudo o que se rasgou ou, em alternativa, o corte de para aí uns cinco tecidos abdominais que se pratica na cesariana, a incisão no útero (espera… esta é capaz de ser difícil num homem), a recuperação da cesariana com umas dores monumentais, a expulsão de “restos”. E, claro, o ter de tratar do bebé enquanto isto acontece.


Já me esquecia do pormenor importante que é o considerável aumento das mamas na gravidez. Suponho que, por si só e a confirmar-se a atual “ciência”, isto há de aumentar a inteligência masculina aí nuns 20%.